No bairro histórico, o epicentro de Frankfurt

SILVIO CIOFFI – ENVIADO ESPECIAL À ALEMANHA

É sabido que, desde o século 11, comerciantes de toda a Europa vinham a Frankfurt para negociar mercadorias –e o bairro Römer sempre foi a referência e destino para eles.

As evidências arqueológicas da ocupação do Römer, um sítio romano, datam do século 1 d.C., e há notícia que, ali, já acontecia uma feira da Primavera desde 1330.

Em 1405, o bairro passou a abrigar a prefeitura de Frankfurt, ganhando notoriedade institucional.

Já a imponente igreja desse bairro de origem medieval, em cuja torre 35 sinos marcam freneticamente as horas e as missas, teve origem num templo de 1290.

Não por coincidência, o padroeiro da igreja próxima à praça onde acontece anualmente a quermesse de Natal mais famosa da Europa é São Nicolau.

Bispo de Myra, na Lícia (atual Turquia) no século 4o., ele é identificado com a figura do Papai Noel. Padroeiro das crianças, dos mercadores e dos marinheiros, São Nicolau foi canonizado no século 4o.

Ele, o Papai Noel, obviamente, nunca esteve presente em Frankfurt e, consta, seus restos mortais foram levados do sudoeste da Ásia Menor, onde ele viveu, para Bari, na região italiana da Puglia, em 1087, numa época em que sua santidade já era cultuada em toda a Europa.

DO SACRO IMPÉRIO AOS ANOS 1800

Para além das histórias de santo, de bom velhinho e das quermesses natalinas, Frankfurt se notabiliza por ter sido o local onde, em 1152, a aristocracia homologou a sagração do imperador Frederico Barbarossa –e, até 1805, se tornou o local onde teve lugar ritual de escolha dos dirigentes do Sacro Império Romano-Germânico.

Mas foi durante os séculos 17 e 18 que a atividade comercial por lá floresceu e que a cidade se modernizou, atraindo mais e mais comerciantes, fato que transformou Frankfurt numa referência também no aspecto cultural.

PASSADO TRISTE, PRESENTE LUMINOSO  

Até que o furacão da Segunda Guerra (1939-1945) envolveu o mundo, a cidade, cosmopolita, tinha uma grande população judaica e sinagogas –Anne Frank (1929-1945), vítima do Holocausto autora de um famoso diário, e deportada para a morte, a partir de Amsterdã, havia nascido em Frankfurt.

Também a Escola de Frankfurt, importante vertente sociológica e filosófica que analisou a sociedade ocidental contemporânea, tendo como expoentes intelectuais como Theodor Adorno, Walter Benjamin e Max Horkheimer, entre outros, teve origem na metrópole e foi obnubilada durante os anos do nazi-fascismo. 

Terminada a guerra mundial, a cidade, literalmente, renasceu dos escombros para retomar o seu lugar na história do mundo contemporâneo civilizado.

Seu perfil arquitetônico espelha essa verdadeira revolução no caminho para o futuro, sendo as torres gêmeas do Deutsche Bank (DB), de 155 metros de altura, edificadas entre entre 1979 e 1984, um símbolo do arrojo da metrópole. 

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