SILVIO CIOFFI – ENVIADO ESPECIAL A CHICAGO/IPW25
Chicago sofreu com o “Great Fire” (ou Grande Incêndio), em 1871, e, depois de 22 anos, já foi capaz de hospedar uma feira de novidades do comércio e da ciência que deixou o mundo boquiaberto.
Batizado de World’s Columbian Exposition em alusão aos 400 anos da descoberta da América por Cristóvão Colombo, em 1492, o evento atrasou um ano, sendo aberto em 1893 e antecipando tecnologias então avançadas que seriam de aplicação geral anos depois.

Mais de 27,3 milhões de pessoas –muitas delas vindas do exterior– estiveram nessa feira mundial realizada entre os dias 1 de maio e 30 de outubro de 1893. Nessa época, Chicago já havia se transformado na segunda cidade mais populosa do país, atrás de Nova York.
O Brasil, então potência econômica baseada na cafeicultura, teve lá um pavilhão.
Entre as inovações apresentadas no evento, havia uma roda-gigante com capacidade para 60 pessoas a uma altura equivalente a um prédio de 26 andares, foi especialmente “inventada” para a ocasião (uma réplica moderna, mas nas mesmas proporções, pode ser vista hoje no Navy Pier de Chicago).


“THE WHITE CITY”
Daniel Burnham (1846-1012), o autor do Plano Diretor que norteou a reconstrução de Chicago depois da feira, em 1909, foi o responsável pela edificação, ao longo de uma região então pantanosa próxima ao lago Michigan, dos enormes pavilhões e de toda uma cidade feita de “plaster”, um material branco –dando origem ao apelido “The White City”.
Armados numa área de 2,4 km2, os pavilhões foram desmontados depois, com exceção de um que, refeito de pedra, abriga, desde 1933, o impressionante Griffin Museum of Science+Industry .


UMA EPOPÉIA MUNDIAL
Especializada na história desse grandioso evento, a intelectual Dianne Dillon, dirigente da Newberry Library, conta que o acesso à exposição era feito por meio de barcos, já que o local, hoje integrado à cidade, era distante da zona central da cidade.
Essa feira não só sinalizou ao mundo que Chicago havia feito uma enorme revolução urbana e urbanística, como apresentou extravagâncias, como réplicas em tamanho natural das caravelas Santa Maria, Pinta e Nina, da frota de Colombo; recriou uma rua do Cairo (Egito); concebeu um jardim japonês; montou um estande para revelar inovações na agricultura e um pavilhão atestando os progressos energia elétrica, então vista como um certo mistério.
Assistido pelo então jovem arquiteto Frank Lloyd Wright (1867-1959), Louis Henry Sullivan (1856-1924) foi o responsável por edificar o pavilhão sobre transportes.
Consta que o pai de Walt Disney trabalhou como carpinteiro na edificação dos pavilhões da World’s Columbian Exposition. Nascido depois do evento em 1901, nos arrabaldes de Chicago, é provável que o próprio Disney tenha se inspirado nesse modelo para criar seus parques temáticos na Califórnia e na Flórida décadas depois.