SILVIO CIOFFI – ENVIADO ESPECIAL A TAIWAN

“Taiwan está na linha de frente da aliança democrática global. À medida que nosso povo se torna mais unido, mais segura é a nossa nação –e o mundo também”, declarou a atual presidente de Taiwan, Tsai Ing-wen, no último dia 30 de março, ao receber, em Nova York, o Prêmio Liderança Global dado pelo Instituto Hudson. Já para Joseph Wu, ministro das Relações Exteriores taiwanês, “o primeiro ano do conflito na Ucrânia soa como um despertador para os cidadãos da autodenominada República da China (ROC)”.

Mas se engana quem pensa que Taiwan, uma pujante democracia insular e independente que a República Popular da China, comunista, considera uma província rebelde, viva acuada.

Com 36.197 km² e habitado por 23,6 milhões de habitantes, o arquipélago taiwanês é pontilhado por metrópoles vibrantes como a capital Taipé, a industrial Kaoshiung e pitoresca Tainan.

De norte a sul, numa distância linear de 394 km, e de leste a oeste, em 144 km, Taiwan está imersa numa natureza montanhosa –a montanha de Jade, o pico mais alto, alcança 3.952 m de altitude. E assim, coberta por florestas naturais de onde se avista o mar, a ilha que os portugueses no século 16 chamaram de Formosa, hoje tem seis parques nacionais.

Com uma temperatura média anual de 22°C, Taiwan é referência asiática em museus clássicos e contemporâneos, em gastronomia e em hotelaria de luxo.

Muito ao contrário do que acontece na China continental, Taiwan é hoje República “de facto” e uma democracia que discute pautas tão díspares como a identidade de gênero, a influência das mulheres no desenvolvimento tecnológico e dos jovens chefs na gastronomia.

Apesar de ter sido excluída da ONU, que reconhece a República Popular da China, Taiwan (que se autodenomina ROC, ou Republico of China), mantém presença ativa e voluntária no cenário internacional ao mitigar efeitos de catástrofes pelo mundo –caso da ajuda ao recente às vítimas do terremoto na Síria e na Turquia e até no Litoral Norte paulista após as chuvas e deslizamentos de terra ocorridos neste ano.

Confira a seguir as imagens de atrações turísticas em diversas localidades taiwanesas. E leia mais sobre o desenvolvimento econômico e sobre a querela diplomática que, desde 1949, ronda o estreito de Taiwan.

TAIPÉ E OS AGITOS DA CAPITAL

DO ENVIADO ESPECIAL A TAIWAN

No extremo norte da ilha, a capital taiwanesa é uma metrópole contemporânea onde convivem cerca de 2,8 milhões de pessoas. Servida por um novíssimo metrô, Taipé alterna paisagens urbanas tradicionais, como templos e mercados noturnos a edifícios ultramodernos, caso da Torre 101.

Com 101 andares, esse arranha-céu icônico de Taipé foi o edifício mais alto do mundo ao ser inaugurado, isso em 2004. Lee Chu-yuan, o arquiteto taiwanês que o projetou, preocupou-se em fazer dessa torre high-tech um prédio seguro contra terremotos e tufões, comuns nesta área da Ásia.

A Torre 101, que muitos dizem ter sido inspirada na estrutura do bambu, também é capaz de proezas sustentáveis como captar água da chuva.

O elevador que serve do 5° até o 89° andares faz o trajeto em apenas 37 segundos.

Veja imagens de algumas das lojas, relojoarias e joalherias de luxo e dos inúmeros restaurantes do local. Idem, descubra as esculturas que ornamentam o entorno essa torre emblemática.

O MRT, metrô de Taipé, inaugurado em 1996, hoje tem dez linhas e 101,9 km de trilhos. Esse é um meio de transporte fácil para alcançar a Torre 101, pois há uma estação no subterrâneo do prédio. (SILVIO CIOFFI)

O ENDEREÇO DA GULA NO TORRE 101

DO ENVIADO ESPECIAL A TAIWAN

Entre os diversos restaurantes no piso inferior da Torre 101, um se destaca: o mundialmente famoso restaurante Din Tai Fung, que tem uma estrela concedida pelo Guia Michelin.

O Din Tai Fung é parada obrigatória para os apreciadores dos dim-sums, que são os bolinhos cozidos no vapor. Há outros sete restaurantes dessa rede –além de Taipé, Nova York, Xangai, Dubai, Tóquio e Hong Kong também têm filiais desse restaurante. Mas o mais concorrido deles é esse no edifício 101.

Os dim-sum são deliciosos, feitos de fina massa e recheio suculento, que podem ser de camarão, vegetais, carne de porco, cogumelos etc. Chegue muito cedo, há filas em qualquer endereço do Din Tai Fung. Ou, se puder, reserve mesa com antecedência. (SC)

O MUSEU NACIONAL PALÁCIO É GRANDE COMO O CONTINENTE

DO ENVIADO ESPECIAL A TAIWAN

O Museu Nacional Palácio de Taipé, cujo acervo, de 700 mil peças, guarda tesouros da Cidade Proibida trazidos por Chiang Kai-shek da China continental quando o governo nacionalista se trasladou para Taiwan, em 1949.

Há objetos de até 5 mil anos nesta imensa coleção de joias imperiais, cerâmicas, esculturas, objetos de jade, bronze e marfim. (SC)

LIN AN TAI É A CASA DE MUSEU SINO-TAIWANÊS

DO ENVIADO ESPECIAL

Lin An Tai é uma residência histórica chinesa construída em Taipé entre 1783 e1785. A arquitetura segundo preceitos de feng shui, e o local se abriu para a visitação turística em 2000.

Hoje, a casa e os jardins são também utilizados como cenário para produções de moda e fotos de casamento.

Herança arquitetônica da dinastia Qing, a mansão pertenceu originalmente a um rico comerciante originário de Fujian, na China continental, justamente no outro lado do estreito de Taiwan. (SC)

O TEMPLO DE BAOSHENG, TOMBADO EM 2019

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Erigido em 1805, o templo de Baosheng tem arquitetura tradicional chinesa que mescla princípios budistas, taoístas e confucionistas. Esse local, considerado sagrado, já existia em Taipé quando, em 1894, na China continental, a dinastia Ching chegou ao fim ao colapsar diante de um Japão expansionista.

No ano seguinte, 1895, a ilha de Formosa fez parte do botim de guerra e foi cedida ao Império do Sol Nascente. Os japoneses ocuparam Taiwan por exatos 50 anos, até o fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945.

Testemunha de reviravoltas da história, Baosheng foi, afinal, tombado pela Unesco neste ano de 2019. (SC)

TAIWANESES E SEUS CASTELOS DE AREIA

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Em Taipé, anualmente, ocorre um festival de esculturas nas areias de Fulong, praia próxima da capital taiwanesa. (SC)

Publicado em 04/04/2023.