SILVIO CIOFFI — ENVIADO ESPECIAL À ITÁLIA
Na região italiana do Vêneto e situada no continente, nobres venezianos ergueram, entre os séculos 15 e 18, palácios servidos por um canal artificial, o Naviglio del Brenta.
Os três principais palácios —a Villa Foscari, a Villa Pisani e a Villa Widmann— distam cerca uma hora de ônibus de Veneza, ou 50 minutos de carro.
Eles estão abertos à visitação e, ali, a cidadezinha mais próxima é Mira, entre Veneza e Pádua.


Aristocráticos, os palácios ao longo do Naviglio do rio Brenta foram edificados em épocas e com propósitos diferentes.
No início dos anos 1500, os venezianos não temiam mais ataques dos bárbaros e ocuparam territórios em terra firme, fora da insular Veneza, para plantar. Como precisavam de uma via fluvial para escoar a produção agrícola criaram esse canal artificial, ao longo dos quais os castelos foram construídos.
Usando balsas puxadas por cavalos ou bois que as puxassem ao lado dos canais, o transporte ficava mais racional —e os venezianos são práticos nas lides aquáticas.
Ainda hoje, no Naviglio del Brenta, trafegam embarcações antigas e se organizam regatas históricas com elas.

VISITAS ORGANIZADAS
Recomendados pela praticidade, passeios de barco de turismo por esse canal param em cada uma dessas três vilas, narram suas histórias e compreendem um almoço a bordo. Essas excursões podem ser contratadas em agências de turismo locais em Veneza ou Trieste, as duas metrópoles mais próximas.
Chegando ao início do canal Naviglio del Brenta, o primeiro castelo a ser visitado também é o mais antigo, a Villa Foscari.
Apelidado de a Malcontenta, esse palácio é obra do arquiteto Andrea Palladio e foi erigido em 1554.
Patrimônio da Humanidade desde 1997, a Villa Foscari abusa das simetrias e das proporções áureas, marca registada de Palladio, um dos maiores arquitetos de seu tempo.


(Foto Silvio Cioffi-V!VA)

(Foto Silvio Cioffi-V!VA)

Apesar de ter sido projetada para ser uma casa de fazenda para os irmãos Niccolo e Aloisio Foscari, nobres venezianos, a propriedade histórica, que tem mais ou menos a idade do descobrimento do Brasil, é inovadora para seu tempo e decorada por afrescos que aludem à produção do campo.



A segunda parada é a mais monumental e revela a Villa Pisani, também chamada de La Nazionale e hoje um museu mantido pelo Estado Italiano. Construída para uma das famílias mais nobres da antiga e poderosa República Sereníssima de Veneza, ela contou com Giambattista Tiepolo (1696-1770) para pintar o forro do salão principal.


Um dos moradores ilustres foi o imperador francês Napoleão Bonaparte (1769-1821), como se constata em alguns detalhes e em mobílias do estilo império, criados na era napoleônica.
Erigida na primeira metade dos anos 1700 de acordo com projeto original do arquiteto Girolamo F. Roberti, a Villa Pisani ocupa uma área de dez hectares. Possui na parte posterior um imenso espelho d´água e jardins com estátuas a perder de vista.
O espelho d´água foi concebido pelo arquiteto Girolamo Frigimeli, nascido em Pádua, no Norte italiano. Assim, o estilo barroco francês do prédio original está muito bem casado com os jardins desenhados à maneira italiana.

Em diferentes épocas da história, além de o imperador dos franceses, esse castelo também foi habitado por monarcas da casa austríaca Habsburgo. Foi ainda usado pelo ditador fascista Benito Mussolini para receber e impressionar o ditador nazista Adolf Hitler durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).


(Foto Silvio Cioffi-V!VA)

(Foto Silvio Cioffi-V!VA)
O terceiro palácio mais visitado da Rivera Del Brenta é Villa Widmann, menor que os outros dois, mas igualmente adorável e algo romântico. Originalmente erigida em estilo veneziano, essa vila de múltiplos nomes (Villa Widmann-Rezzonica-Foscari), na região de Friuli-Venezia-Giulia foi reconstruída em estilo rococó, redecorada conforme mudou de proprietário.
Hoje ela ostenta um jardim em estilo inglês, reúne esculturas e árvores de todo o mundo, tem belos lustres de Murano e afrescos no piso térreo.
Para quem aprecia cristal veneziano, o lustre original no padrão “fiori e frutti”, no século 18, é atração à parte.



Nesse salão da entrada, os afrescos trompe-l´oleil, obra de Giuseppe Auli, simulam relevo e dão vida ao que foi o salão de baile da Villa Widmann.
Do lado de fora, o lampadário de ferro e o relógio de sol no pátio da Villa Widmann são detalhes adoráveis.


(Foto Silvio Cioffi-V!VA)

(Foto Silvio Cioffi-V!VA)
Num tempo em que o fim da pandemia de covid-19 sugere viagens menos corridas e mais contemplativas, a Riviera Del Brenta é um roteiro convidativo para quem dispõe de um dia e está no Norte da Itália, dada à sua proximidade de Veneza e Trieste. Buon viaggio!

SITES:
Agência Nacional de Turismo da Itália (Enit)
Agência Nacional de Turismo da Itália (Enit) em português
Turismo de Friuli-Venezia-Giulia
Naviglio del Brenta