Jahu fez a terceira travessia do Atlântico Sul Foto Silvio Cioffi-V!VA 2

Jahu fez a terceira travessia do Atlântico Sul

DO ENVIADO ESPECIAL A JAÚ (SP)

Uma saga jauense virou monumento diante da igreja Matriz Nossa Senhora do Patrocínio, no coração de Jaú: uma travessia oceânica realizada no hidroavião.

Formado pela Faculdade de Direito do Largo de São Francisco, em São Paulo, o jovem piloto João Ribeiro de Barros (1900-1947) liderou um grupo de quatro intrépidos aventureiros que, em 1927, concluíram a travessia do Atlântico num hidroavião italiano modelo Savoia-Marchetti S.55.

O aviador, cujo brevê brasileiro foi o de número 88, já havia estado nos EUA, em 1919, para se familiarizar com equipamentos.

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No alto, detalhe de relevo alusivo ao hidroavião Jahu e, acima, a imagem do monumento que homenageia o piloto João Ribeiro de Barros (1900-1947), líder de travessia do Atlântico Sul concluída em 1927 (Fotos Silvio Cioffi-V!VA)

ASAS BRASILEIRAS
Embora a travessia do Atlântico Sul realizada por João Ribeiro de Barros tenha sido antecedida por duas outras —em 1919, pelos britânicos John Alcock e Arthur Whitten Brown; e em 1922, por ocasião do Centenário da Independência do Brasil, pelos portugueses Gago Coutinho e Sacadura Cabral—, seu feito está inscrito no pioneirismo da aviação brasileira e mundial, pois convém lembrar que Santos-Dumont decolou o pioneiro 14-Bis, em Paris, em 1906, não muito tempo antes.

E assim, movido a ambição aeronáutica e impulsionado pelos ricos proventos advindos da exportação brasileira de café, Ribeiro de Barros decolou seu ronronante hidroavião italiano no final do ano, em Gênova, em 1926. O aparelho tinha 16 tanques de combustível, mas não tinha rádio, equipamento que foi dispensado para aliviar o peso.

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Inscrição em símbolo maçônico em praça (Foto Silvio Cioffi-V!VA)

A uma velocidade de cruzeiro de apenas 156 km/h, piloto, co-piloto, mecânico e aviador fizeram várias escalas programadas e não-programadas (uma delas em Fernando de Noronha), enfrentaram motores rateando, intempéries e até um motim a bordo para chegar, em agosto de 1927, à represa de Santo Amaro, no município de São Paulo, onde a viagem foi finalmente recebida com fanfarra.

Jahu era o nome do avião, como não poderia deixar de ser. Esquecido num museu do Parque Ibirapuera (SP), o hidroavião vermelho encarnado e decorado com a bandeira do Brasil foi finalmente restaurado. Depois, foi cedido pela Fundação Santos-Dumont, em regime de comodato, para o Museu Asas de um Sonho, da Tam, em São Carlos (SP). Quando a companhia aérea foi vendida ao grupo chileno Lan, formando o conglomerado Latam, seu museu aeronáutico acabou desativado. E agora, depois de tantas aventuras, de enfrentar o abandono e do restauro, onde estará o Jahu? (SILVIO CIOFFI)

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